sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MÉTODO PAULO FREIRE


Alfabetização pela conscientização
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos, que criticava o sistema tradicional que utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita.
• As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa que comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo: “Eva viu a uva”, “o boi baba”, “a ave voa”, dentre outros.
Etapas do Método:
• O trabalho da Fala: a pesquisa de Investigação do universo vocabular
Busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
Caderno de campo, olhos e ouvidos atentos, gravador, ..., são ferramentas usadas pelos educadores que, se possível, misturam-se à comunidade, sem interferir no cotidiano.
Não há questionários nem roteiros pré- determinados para a pesquisa.
Há perguntas sobre a vida, sobre casos acontecidos, sobre o trabalho, sobre modos de ver e compreender o mundo. Perguntas que emergem da convivência.
O vivido e o pensado que existem vivos na fala de todos é o que é importante: palavras, frases, ditos, provérbios, modos peculiares de dizer, de versejar ou cantar o mundo e traduzir a vida.
Reuniões são oportunidades de se trocar idéias com as pessoas, sobre o trabalho de aprender a ler e escrever.
Algumas frases são guardadas e devolvidas ao grupo no círculo da cultura.
A pesquisa do universo vocabular deve reduzir a diferença entre pesquisador e pesquisado.
• Etapa de Tematização:
Momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
• Etapa de Problematização:
Etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
O trabalho sobre a fala: as palavras geradoras
• O processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos.
• Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições.
• A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente.
• Depois de composto o universo das palavras geradoras, apresenta-se elas em cartazes com imagens.
• Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela turma.
• A SILABAÇÃO: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU)
• AS PALAVRAS NOVAS: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
• A CONSCIENTIZAÇÃO: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização
acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da realidade social.
As fases de aplicação do método
• 1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
• 2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
• 3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Tratam-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
• 4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
• 5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.

Um comentário:

  1. Parabéns Vanucia por expressar de forma tão clara o processo, o método para alfabetizar adultos de Paulo Freire.Seu método pode na atualidade naõ atender às necessidades, mas sem dúvida alguma ele é a fonte aonde podemso buscar subsídios para dialogar com os estudantes. Só no diálogo há a comunicação. É no diálogo que os homens se encontram enquanto seres de valores e de conhecimentos; é o conceito antropológico de cultura que vai marcar: naõ existe cultura pior ou melhor; apenas diferentes; naõ existe conheciemnto mais válido ou menos válidos; apenas diferentes e que se complementam. O diálogo é a palavra chave. o método ou os métodos atuais mudaram, mas a ess~encia dele tem que ser o eixo: o diálogo. professores e estudantes fazendo trocas,um aprendendo com o outro. Isso é básico e isso nunca estará defasado em qualquer método que pretenda servir como instrumento de libertação, de conscientização.
    Parabéns. Continue a postar contribuições....
    Carinhosamente
    Professora
    clemilda

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