segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Trabalhando com Jovens e Adultos



Postagem de Emanuela Mascarelo Lorenção


Sabemos da importância em oferecermos dentro da escola pública a modalidade de ensino EJA (Educação de Jovens e Adultos). Bem estruturada e pensada como uma modalidade de ensino que atenda a jovens e adultos que não tiveram oportunidade de freqüentar a escola na idade adequada, ela favorece a permanência nas escolas destes jovens e adultos, propiciando aos mesmos uma educação de qualidade que serve, principalmente, para formá-los como cidadão. Isto inclui que eles recebam na escola conhecimentos sobre assuntos importantes tais como: a conseqüência do uso das drogas, a importância de uma alimentação adequada, seus direitos e deveres de cidadão, entre outros assuntos importantes capazes de desenvolver na população uma consciência maior do seu papel e função no mundo e um aprendizado que lhes propicie viver melhor em todos os sentidos em sociedade.

Muitas vezes dentro da escola, bons profissionais,
pessoas bem formadas e com ótimas intenções não conseguem desenvolver um trabalho que sirva a este fim, e isto não só o frustra, como também aos alunos, que poderiam ali naquele espaço aumentar sua visão de mundo, e sentirem-se valorizados com o conhecimento que trazem de suas experiências de vida, experiências estas tão importantes quanto qualquer conhecimento acadêmico.

Isto nos faz pensar então que há algo errado. Em certos momentos nosso sistema educacional se mostra falho e pouco atraente, quem deseja freqüentar uma escola que parece
querer mostrar o quanto o aluno tem dificuldades para aprender, o quanto ele é fraco? Eu não gostaria de freqüentar uma escola destas, acredito que ninguém gostaria, mas na verdade sem perceber foi esta a escola que freqüentei, e é a escola na qual hoje ensino. É a mesma porque poucas coisas mudaram. O sistema de avaliação é um exemplo que contribui bastante para que estes problemas continuem, pois ela é utilizada muitas vezes como uma arma. Esta escola não respeita as diferenças. A avaliação utilizada como uma arma pelo professor já destruiu muitas mentes que poderiam hoje brilhar.

As considerações de Moacir Gadotti sobre a EJA mostram entre outras coisas a necessidade de reestruturação, e também a necessidade do Ensino de Jovens e Adultos não ser confundido com os cursos oferecidos no turno da noite, que na verdade surgem como opção ao ensino do turno matutino. Ao contrário, a EJA é uma modalidade de ensino direcionada especificamente a jovens e adultos, muitas vezes podendo ser oferecida em outros turnos que não o noturno para assim atender aos que não podem freqüentá-lo à noite.

A escola pública precisa
oferecer condições para que o jovem e o adulto permaneçam na escola recebendo ensino de qualidade que os desenvolva como cidadão pleno. É necessário que não esqueçamos disto, o que ensinamos só será importante quando contribuir efetivamente para o desenvolvimento do aluno. E isto vai ocorrer na medida em que ele obtenha, na escola, informação para uma vida melhor. Por exemplo: que aprenda a utilizar um caixa eletrônico, a se alimentar de forma adequada e a se prevenir em relação às doenças.
As possibilidades de trabalho com turmas do EJA são amplas, a partir do momento em que contextualizarmos as disciplinas. É importante para os alunos vincularem o que estão estudando aos problemas do dia-a-dia e que contribuam com sua bagagem de vida para o desenvolvimento do curso.

A meu ver as perspectivas para o desenvolvimento de um bom trabalho com a EJA são enormes e por se tratar da educação de pessoas adultas, o interesse é maior e a vivência dos problemas também, por isso as contribuições para ambas as partes, aluno e professor podem ser ampliadas. O trabalho do professor deve ser pautado sempre por este princípio: desenvolver o aluno e a ele também como professor, para isto é necessário que exista diálogo, troca, sendo que o professor deve estar preparado para conduzir todo este processo.

Mas quem está dentro da escola pública sabe que não é fácil. Sabe, por exemplo, das dificuldades de se trabalhar com um projeto, receber apoio e desenvolvê-lo dentro da escola.

É importante também termos em mente que um projeto direcionado à EJA deve estar perfeitamente integrado ao Plano Político Pedagógico da escola. Aliás, como qualquer outro projeto de outro segmento, as escolas devem se tornar palco de discussão de idéias. Não deve haver isolamento dentro da escola e sim integração em torno do Plano Político Pedagógico, repensando a EJA e a escola como um todo perfeitamente integrado e de mãos dadas com a comunidade.

Um comentário:

  1. Parabéns Emanuela pelo texto provocativo e pela profundidade pela qual o aborda.
    O jovem, o adulto, o idoso busca o que na escola?
    quais suas perspectivas?
    O que a escola tem a oferecer?
    São perguntas que não podem se calar, pois, a realidade existencial dos educandos tem que ser o ponto de partida de todo trabalho pedagógico.

    parabéns pelas abordagens.

    Professora
    clemilda Bergamin Athayde de souza

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